VIII Encontro Mestres do Mundo: sons e imagens de altivez e superação
21 de dezembro de 2013 - 20:18
O VIII Encontro Mestres do Mundo terminou na madrugada deste sábado (21), na estação ferroviária do Crato, na região do Cariri. Na noite do último dia do evento, o público se despediu festivamente, com o autêntico forró pé-de-serra de Luizinho Calixto e banda. Antes de pôr o corpo pra remexer, foi fácil apurar os ouvidos com o alagoano Nelson da Rabeca e encher os olhos com a apresentação dos mestres cearenses da cultura tradicional popular – o cordel de Luciano Carneiro (Mestre Luciano) e o reisado de José Aldenir Aguiar (Mestre Aldenir), ambos da cidade anfitriã, o maneiro-pau de Manoel Antônio da Silva (Mestre Bigode), da vizinha Juazeiro do Norte, e o boi de reisado de Antônio Batista da Silva (Mestre Piauí), de Quixeramobim, no Sertão Central.
Em cada apresentação, a admiração do público não apenas pela beleza com que os mestres preservam e difundem a cultura tradicional popular, mas também pela capacidade de superação, resistência e altivez diante da vida. Prestes a completar 72 anos em 7 de janeiro próximo, Mestre Luciano, além de declamar um dos seus cordéis, fez questão de fazer a saudação final a quem foi prestigiar o evento como um convite para o próximo.
Do alto dos 80 anos, Mestre Aldenir emocionou ao se apresentar reunindo a maioria dos meninos e meninas que tem recrutado para formar mais um grupo de reisado, além dos dois grupos de adultos que já comanda. Sem deixar de conduzir com todo o zelo o reisado, aparecia tão igual aos brincantes, como mais um deles a divertir e se divertir, fazendo o público se surpreender.
Surpresa também com a disposição e as travessuras de Mestre Bigode, 90 anos bem vividos. “Bigode tá dando uma de menino de novo”, observava, durante a apresentação, uma mestra que nem ele, Maria do Horto, de Juazeiro do Norte, que encanta pelos benditos. Do centro do grupo de maneiro-pau, Mestre Bigode (foto) prendia a atenção ao comandar o grupo, vestido como eles, com roupas camufladas e chapéus de cangaceiro, dançando em roda, fazendo o entrechoque dos cacetes e cantando em coro, numa musicalidade percussiva que dispensa instrumentos outros.
Já a beleza da apresentação do reisado de Mestre Piauí é pela diversidade de ritmos e uma caracterização dos personagens que atualiza a tradição do folguedo trazido pelos portugueses para o Brasil. No compasso de músicas ora mais agitadas, que se aproximam do forró, ora mais lentas, que se aproximam até mesmo da valsa, o grupo se apresenta com um figurino que inclui elementos das fantasias das escolas de samba. Assim, as diferentes expressões da cultura popular vão dialogando e se ressignificando.
De tantos significados e representações, a oitava edição do Encontro Mestres do Mundo chegou ao fim nessa sexta-feira, após três dias de atividades que começavam pela manhã e se estendiam pela tarde no Centro de Expansão Dom Vicente Araújo Matos e terminavam à noite na estação ferroviária. No primeiro dia, abriram a programação um cortejo de mestres da Cultura Popular Tradicional pelas ruas do Crato e a diplomação dos dois novos mestres e de dois grupos e uma comunidade como tesouros vivos do Estado. Com rodas de mestres para a discussão e troca de experiências sobre o corpo, as mãos, a oralidade, os sons, os sabores e o sagrado, além de seminários, lançamentos de livros e apresentações dos mestres e de outros artistas, o evento foi realizado pela Secretaria da Cultura do Estado em parceria com a Secretaria da Cultura do Crato e o Instituto Sociocultural e Artístico do Ceará.
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